Ao observar seus olhos se fechando quando sorri me sinto em uma linha tênue entre amor e amizade, posto que nenhuma de tais relações foram estabelecidas entre nós. Cultivar esse desejo é como apreciar a vitrine de uma loja e almejar algo, mas infelizmente não possuir poder aquisitivo para aquisição de tal bem. Embora o que nos separa seja apenas uma parede de vidro, em que somente contemplo a beleza de seu ser, apesar que seus olhos ao olhar em minha direção não encontram os meus.

Sendo você o meu inalcançável e idealizável, assim esse desejo que cultivo permanece intacto, não possuo tal audácia para criar a oportunidade de entrar finalmente no estabelecimento e admirá-lo sem barreiras. Mesmo que por um momento de desatino eu entre e vá em sua direção, ao chegar percebo que não somente eu anseio-lhe, recuo alguns passos, ainda que eu extrapole o limite do cartão, parcelando em várias vezes e com indícios de ainda ter que pagar o mínimo da fatura e entrar em dívida com o nome no SPC e Serasa, mas será que tudo isso vai fazer você se apaixonar por mim?

A linha tênue em que caminho está ficando bamba, procuro me equilibrar, entretanto a mesma pende para um lado, mesmo que em algum momento eu perda o equilíbrio e tombe para qualquer lado que seja, você nunca saberá qual foi, pois esta situação ocorrerá somente em meus pensamentos. Eu continuo te olhando de longe, às vezes minha mente faz você visitar meus sonhos.

E talvez finalmente surja alguém que possa te levar da vitrine, mas ao menos antes eu simplesmente peço aumento do limite no cartão ou empréstimo, posso talvez quem sabe ir atrás de um agiota! Mesmo que você não seja o que por tanto tempo inventei em minha cabeça, quero adquiri-lo sem garantia e com prováveis defeitos para assim jamais te devolver.