Ao observar o tabuleiro quadriculado tento focar em estabelecer alguma estratégia, de tanto focar a visão acabou ficando turva, é necessário alguma tática para o primeiro passo, uma vez que, nesta partida sou as peças brancas. Qualquer movimento falho, o xeque-mate é eminente, quase todas minhas peças foram capturadas, apenas peões protegendo o Rei, sendo estes incapazes de recuar.
Em qual momento me perdi?
Ao olhar no espelho enxergo um reflexo de um rosto desconhecido, não reconheço somente o superficial, internamente também não é possível identificar se algum resquício de personalidade ali habitou. Em minha mente ecoam músicas que eu gostava de ouvir e hoje não sei nem o gênero musical que gosto e assim me defino como eclético e qualquer melodia serve de trilha sonora para vida, gostava de chocolate e atualmente não sei nem se ainda gosto de doce, talvez prefira salgado.
“Ame o próximo como a ti mesmo” diante de tal afirmação sinto pena de quem está tão próximo a mim, “a boca fala do que está cheio o coração” é possível escutar o vazio? A solidão ao qual vago é quase tangível caminhando em direção a um beco sem saída, assim como o Rei encurralado não há qualquer movimento que me livre de ser capturado e o jogo chegar ao fim.
Mas tal como em uma partida de xadrez, às vezes perdemos mais do que ganhamos e um nova partida se inicia, quais serão os próximos passos desta vez? Será que serei as peças pretas e alguém irá ditar quais serão as peças que movimentarei em minha vida? As respostas não sei.
E vago incansavelmente sobre um tabuleiro que podemos talvez chamar de vida, assim como um, a vida também é limitada, mas ela não acaba em quadradinhos pretos e brancos, simplesmente se apaga subitamente e jogadas não serão concluídas, estratégias elaboradas não serão executadas e no fim suas peças estarão sozinhas e não farão sentido dispostas pelo tabuleiro aleatoriamente, já que, não há graça em jogar xadrez sozinho.
Eu gosto de escrever o que não é sinônimo de escrever bons textos. Meus textos são baseados na livre criação artística e sem compromisso com a realidade, qualquer semelhança situações da vida real terá sido mera coincidência.