Palavras jogadas, pensamentos perdidos, na tentativa de formar uma oração, verbos surgem, mas nada encaixa. Coração inspirado e mente lotada, papel vazio; a caneta rodeia pelos dedos, tal manobra da impaciência, ansiedade das frases imaginadas e mal acabadas em sua mente, continua admirando uma folha em branco. Um mundo de possibilidades.
Uma menina deve ser apenas uma menina, seremos mulher quando realmente entendermos o nosso papel de protagonistas em nossas vidas, há quem tente escolher por nós, é sempre necessário rasurar as páginas que alguns ousaram escrever.
Tentando manipular sua inocência, indivíduos se aproximam para flertar com sua juventude, tão nova e descobrindo o mundo, criada para sempre ter modos, aprender a cuidar da casa, a sentar que nem moça, reprimindo seus desejos e vontades, permanecendo a então “bela, recatada e do lar”, “tem que ser assim e fazer aquilo”, pois “homem não gosta de mulher relaxada”.
Quando o estalo surge e percebe que seu corpo está mudando, sentindo as borboletas no estômago e descobrindo a famosa adolescência. Em um dia você está correndo jogando futebol com os meninos, no outro, tem vergonha do seu próprio corpo, pois agora possuí seios e correr se tornou algo que antes te alegrava e desde então te deixa apreensiva. Nem tão criança pra brincar de boneca e nem adulta para se aventurar no mundo. Ouvindo sempre os mesmos ensinamentos que passam a cada geração “se comporte, você já é mocinha” , “ela muito responsável para idade dela” rótulos são colocados a sua imagem…vendendo uma imagem que lhe foi imposta, seu ambiente familiar reforça que agora você é mocinha, responsável e prendada “pronta para casar”. E entende que então precisa ser adulta, pois é isso que está se tornando teoricamente, apesar de às vezes querer brincar e correr.
Confusa em suas perspectivas de menina mulher, tenta revolucionar o pensamento ao qual escutou durante seu crescimento, seu corpo, suas regras, mas ainda sendo menina e tentando se comportar como mulher, uma vez que, dentro de si ainda carrega as marcas de sua criação. Garotas são apenas garotas, seu corpo é seu lar, não um objeto de sexualização, ademais quando ainda não possui idade para tal ato e consciência de tais consequências.
E nas brechas de se mostrar adulta é que mora o perigo, o olhar das pessoas diante de seu corpo não são os mesmos antes de sua puberdade. Em um mundo que o corpo feminino é sexualizado antes mesmo dela entender sobre ele, antes já corria perigo sem ao menos perceber, agora é ciente dos perigos e este pode não estar distante, o mesmo pode conviver contigo e dizer que te ama. Mas o mal nem sempre vem com sua pior aparência. Ele está nas entrelinhas, também disposto na frase “Você é muito madura pra sua idade”.
Eu gosto de escrever o que não é sinônimo de escrever bons textos. Meus textos são baseados na livre criação artística e sem compromisso com a realidade, qualquer semelhança situações da vida real terá sido mera coincidência.