Logo a madrugada avança, mas ainda não consegui dormir, meu olhar se perde no vazio da escuridão entre quatro paredes, enquanto escuto o vento soprar em minha janela.

Tento incansavelmente alinhar meus pensamentos, mas minha mente permanece frenética mesmo diante de um corpo exausto, os sentimentos percorrem minha pele, sinto como se meu coração fosse explodir dentro do meu tórax e percebo o vazio ao meu lado da cama e aquele espaço jamais seria preenchido por quem desejava.

A angústia toma conta do ambiente tornando-o sufocante, em um esforço desmedido para dormir, tento fugir para minha realidade paralela, meus sonhos, onde eu posso te tocar mesmo não sentindo o calor de seu corpo e ouvir sua voz mansa com sotaque acentuado ecoando em minha mente proferindo frases soltas por mim idealizadas.

Então finalmente tudo se acalma, nem mesmo sinto meus olhos se fecharem, talvez o sono tenha chego pela exaustão e minha mente adormece.

Tão logo a fase REM do sono inicia seu papel, a distância que há entre nós já não existe, as incertezas e a culpa ali não permanecem, finalmente posso tê-lo envolto em meus braços e sentir seu cheiro e esse aroma era desconhecido de meu olfato. A tempestade que outrora atormentava meus pensamentos, ao sentir você presente mesmo em meus sonho se esvai conforme sinto o toque de suas mãos deslizarem em meu rosto, enquanto observo seus lindos olhos ficando menores ao sorrir, o tempo parecia estático, minhas mãos buscam alcançar seu rosto em uma tentativa de beijá-lo, mas tudo se acaba! Vejo sua imagem sumir diante de meus olhos encontrando-se envolto em lágrimas.

O sol invade a janela com as cortinas abertas e sinto meu rosto molhado com lágrimas que escorrem pelo o mesmo, e mais uma vez você estando em meus sonho e eu não poderia tê-lo, o dia novamente amanhece. Vivencio um dia de cada vez em minha vida medíocre, onde antes de me levantar da cama visto-me com o personagem no qual me foi imputado e seguia o roteiro como um protagonista da novela das nove. O dia termina e ainda tentava compreender como um indivíduo mesmo distante era responsável por todas incertezas que invadia meu coração toda madrugada, não há possibilidade de tê-lo e não havia como pertencer a ele.

Nada muda quando a noite cai, me despido do meu personagem e encaro o meu eu no espelho e o olhar cansado era perceptível em meu rosto, novamente todos os sentimentos que ignorava durante minha atuação surgem, e mais uma vez a madrugada seria minha companheira até à exaustão.