Sentado em uma mesa para duas pessoas em um restaurante numa sexta-feira a noite sozinho ao som de um artista local em uma apresentação acústica, enquanto meu consciente receia o fato de que talvez eu vá parar em algum post de adolescente na internet com a legenda “Liberdade ou solidão?”
Eis talvez um questionamento que não saberia responder de prontidão, uma vez que a liberdade depende da ótica observada, já em relação a solidão não é necessária muita explicação, uma vez que a mesma vai além de uma condição de estar como também na condição de ser.
Ao pensar na vida a longo prazo, eu que nem bebo, chamo o garçom e peço uma dose de cachaça para enfrentar essa indagação! Enquanto o amargo desce pela minha garganta, neste momento não pode haver brechas para racionalidade, pois como já dizia Keynes “no longo prazo estaremos todos mortos” então o que fazer no agora? No tempo em que esse longo prazo não chega.
A cada ano que se passa é mais um ano de vida ou um ano a menos de vida? Indagações melancólicas ao som de um cover de Engenheiro do Hawaii por um violão desafinado.
Uma porção de batata frita acompanha este descontentamento perante a vida, qual o real significado de ser livre? Liberdade do que? Dos próprios limites que venho me impondo ao longo dos anos, das mentiras que conto baixinho para mim antes de dormir? Liberdade deste personagem que criei para não me sentir abandonado perante aos grupos sociais? Qual o medo de encarar meu eu? Qual motivo dessa apreensão quando olho pra dentro de mim?
Certamente não somente uma dose será necessária, e desce mais uma ao som de:
“Ah! Vida real
Ah! Vida real
Como é que eu troco de canal?”Engenheiros do Hawaii, Vida Real
Eu gosto de escrever o que não é sinônimo de escrever bons textos. Meus textos são baseados na livre criação artística e sem compromisso com a realidade, qualquer semelhança situações da vida real terá sido mera coincidência.