Há momentos que os indivíduos se perdem no personagem que criaram, vivenciando relacionamentos parecidos com de fãs paranóicos que confundem os personagens com os atores e promovem amor ou ódio com base apenas na ficção. Parabéns você é rotulado por algo que finge ser, ninguém está preocupado com a pessoa que lê e interpreta o script e sim apenas com o resultado do mesmo.

Finalmente aquela confusão chegou ao fim, encontrou a pessoa que procura a muito tempo, a sensação da alegria preenche seu corpo e o sorriso não sai de seu rosto, ali então conheceu o amor. Este por sua vez era diferente, portanto quando encontrou não podia deixá-lo desvanecer, o mesmo não estava mais depositado em outro indivíduo ou materializado em algo, o processo para encontrá-lo foi uma construção diária e árdua, em meio a escuridão por fim é capaz de enxergar a luz que sempre esteve ali, ao apertar o interruptor, encontra então um espelho e ao observar surpreende-se ao olhar um indivíduo que raramente refletiu sobre, mas que sempre buscava os mais sutis defeitos e ao defini-los como tais os tornam enorme a ponto de consumir seu ser.

Neste processo de construção percebeu que antes o que denominava como defeitos, eram apenas detalhes que o fazia ser único, ser é diferente de se sentir único, envolto de pessoas tão parecidas e que buscam se tornarem uma massa unificada de pessoas iguais, ser e sentir-se único pode ser ameaçador e requer coragem, pois em um mar de azul, um ponto amarelo pode se tornar chacota ou uma ameaça.

Quem busca o amor em outros jamais encontrará se o mesmo não existir dentro de si, é clichê? Sim, mas é o óbvio. É necessário esquecer o script, aliás, este que segue sem questionar o autor.

Amar a si não está relacionado somente em aspectos físicos, mas também com reconhecimento de quem és, claro que ao estabelecer o amor próprio gera uma linha tênue entre se amar e se tornar egocêntrico, enxergar-se como a única pessoa que sempre estará presente por você é essencial, entretanto é necessário compreender que você não é o centro das situações.

As pessoas comumente esquecem do óbvio, mas o discurso de pertencer a determinados grupos é sedutor, entretanto se desmontar para se encaixar no quebra-cabeça que fora estabelecido, pode haver um esforço descabido para se montar no puzzle, mas não é garantia que a figura formada fará algum sentido, a necessidade recorrente de tentar se encaixar será uma jornada cansativa, se dê a chance de apertar o interruptor.